Em países desenvolvidos o padrão é tributar em
maior escala os lucros, a renda e o patrimônio. No entanto, no Brasil, a
arrecadação maior recai na produção e no consumo e, justamente por isso, o
sistema tributário brasileiro acaba por acentuar ainda mais as desigualdades
sociais existentes no país.
O princípio da progressividade tributária tem o
propósito de tornar mais justo o pagamento dos impostos, uma vez que esse princípio exige que a tributação
incida com maior rigor sobre aqueles dotados de maior capacidade contributiva.
Esse princípio é facilmente aplicado quando se
trata de impostos diretos que incidem sobre lucros, renda e patrimônio
(onerando mais, quem tem mais... e onerando menos quem tem menos).
Contudo, quando se trata de impostos indiretos que recaem sobre o consumo, torna-se
impossível colocar a progressividade em prática, pois estes tributos incidem INDISTINTAMENTE e com o mesmo peso sobre
TODOS, onerando, desta forma, muito mais a população de baixa
renda que acaba gastando praticamente todos os seus ganhos mensais em despesas
com alimentação, cujos itens possuem um preço final mais elevado devido à
tributação indireta que sempre esteve embutida nestes produtos.
Nesse sentido, só podemos começar a pensar em uma
melhor distribuição de renda quando houver uma desoneração tributária das
classes sociais mais baixas e esperamos que a desoneração da cesta básica
seja apenas o primeiro passo para a construção de um país mais justo e
menos desigual.
Abaixo, reproduzimos
alguns trechos de um artigo publicado por Dão Real Pereira dos Santos, no blog http://justicafiscal.wordpress.com/
que trata justamente sobre esse assunto:
“Que os sistemas fiscais têm privilegiado as
classes mais ricas em vários paises do mundo, isso já está muito claro e fica
perfeitamente evidenciado pelo fato de que os mais ricos são os que menos pagam
impostos proporcionalmente às suas rendas.
No Brasil, embora exista uma sensação de que só
pagam impostos os que estão acima da faixa de isenção do Imposto de Renda, a
realidade demonstra que os que mais são onerados pela tributação são justamente
os que menos ganham e que estão isentos daquele imposto.
Estudos do IPEA demonstram que aqueles que ganham
até dois salários mínimos pagam quase a metade em tributos enquanto aqueles que
ganham mais de 30 salários mínimos não comprometem mais do que 28% com a
tributação.
O sistema tributário brasileiro baseado, predominantemente,
nos tributos indiretos é realmente muito perverso com os pobres e muito
generoso com os ricos.
Do lado dos gastos
públicos, temos ainda mais privilégios aos ricos na medida em que se consome a
maior parte das receitas com o pagamento dos serviços da dívida pública e se
reservam apenas parcelas residuais para o atendimento dos direitos fundamentais
das classes mais pobres.
Para romper com este modelo
que aprofunda as desigualdades e que reduz a capacidade dos Estados de fazer
frente ao desafio de erradicar a pobreza e a miséria, é imperioso que a
sociedade organizada, os sindicatos, a classe trabalhadora, os estudantes, os
agricultores e os movimentos sociais em geral apropriem-se dos debates sobre o
sistema fiscal e se mobilizem para impor a JUSTIÇA FISCAL como direito social
fundamental”.
Texto extraído de: http://justicafiscal.wordpress.com/2012/06/30/a-globalizacao-e-a-injustica-fiscal-agravada/
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